Minhas razões para pessimismo

(Eles venceram) Nós perdemos, e o sinal está fechado pra nós, que somos jovens.



O rio Paraopeba já está com o destino definido. Nem há instrumentos para uma respiração artificial que garanta ao menos vida vegetativa. Na prática, está morto, mas sua morte será decretada aos poucos. Enquanto o assunto vai morrendo na cobertura da mídia comercial, a população que depende do rio será a testemunha das consequências, no formato de tragédias de grupos invisíveis e individuais.

Histórias isoladas, como a imprensa prioriza em suas coberturas dos acontecimentos, esconderão os verdadeiros dramas coletivos. Navegando imaginariamente pelo rio e pelos fatos do país, não consigo concluir um texto com otimismo, como seria desejável. Nenhuma fagulha positiva sobre o futuro, o que talvez -- ou certamente -- afeta a minha capacidade de me relacionar com o mundo.

Sequer percebemos o fato de que, em tempos recentes, uma grande onda de poluentes tomou conta dos grupos diretos e indiretos com os quais convivemos ou estamos próximos. São produtos altamente cancerígenos, invisíveis porque são ideológicos. Não identificamos, nas últimas décadas, a avalanche de crenças de que o capitalismo daria conta de tudo, que a solidariedade é comunista e que a religião é a saída da salvação.

Parece que estamos convivendo com um ambiente altamente poluído. Uma poluição invisível, assim como os produtos químicos que matam os rios e oceanos. Poluição formada por crenças e valores superficiais e tão poluentes que afetaram a capacidade de funcionamento do cérebro de pessoas próximas, com quem não conseguimos conviver em torno de questões básicas.



Comentários