20 previsões para 2019


Rodrigo Brancatelli
Editor at Large, Product at LinkedIn




Na maior parte de 2018, prever eventos que aconteceriam nas próximas 24 horas pareceu algo completamente impossível – imagine então prever o que aconteceria nos dias seguintes.... Algumas semanas pareciam que duravam meses, tamanho o número de acontecimentos ao mesmo tempo.

Bem, vamos começar logo com a má notícia: não espere que 2019 seja muito diferente, não.

O ano que se aproxima pode trazer ainda mais mudanças turbulentas, de acordo com CEOs, pesquisadores, economistas e outros nomes influentes que ajudaram o LinkedIn a montar uma lista de previsões para 2019. Você pode encontrar a lista completa aqui. A boa notícia é que essas previsões podem antecipar tendências e servir de bússola para guiar nossas decisões no ano que vem.

Confira abaixo 20 previsões para 2019, baseadas em entrevistas com especialistas e empresas de consultoria. Participe também da lista — você tem algum prognóstico para o ano que vem, algo que está começando a acontecer na sua empresa, indústria ou profissão que pode virar tendência em 2019? Então escreva nos comentários abaixo — e não deixe de assinar a newsletter para continuar recebendo conteúdo. Voltaremos ano que vem com mais ideias, discussões, novidades, polêmicas e novas tendências que estão surgindo na intersecção entre Comunicação e Tecnologia. Você também pode seguir updates diários pelo Twitter @rnbrancatelli.

A próxima fase das novas startups
Os últimos vinte anos mostraram uma explosão de diversos serviços que agora podem ser contratados virtualmente, desde entrega de alimentos até atendimentos em casa. Todo mundo tentou ser o “Uber” de alguma coisa: o “Uber da entrega de comida” (iFood, por exemplo), o “Uber de fazer compras no supermercado” (Rappi), o “Uber do lavanderia”....

Segundo especialistas, os próximos vinte anos serão voltados à identificação de oportunidades um pouco mais difíceis, nas quais os softwares ainda não se infiltraram — aqueles repletos de obstáculos tecnológicos, operacionais e regulatórios. Essas novas startups devem revolucionar os serviços regulamentados, levando para o mundo virtual as categorias de serviços mais complexas que são reguladas por alguma lei. Isso inclui os fornecedores que são licenciados por uma agência do governo ou certificados por um profissional ou organização de uma indústria: Engenharia, Contabilidade, Ensino, Direito...

Exemplos já começaram a aparecer — como a Houzz, que permite que os usuários pesquisem e contatem profissionais licenciados para reformas residenciais, e o StyleSeat, que ajuda os usuários a procurarem e reservarem atendimentos com profissionais de estética licenciados. Você pode imaginar um startup para cada tipo de serviço que seja regulamentado, de advogados e médicos até agrônomos e dentistas.

Apple tenta comprar a Sony Pictures
Segundo especialistas, a Apple deve tentar comprar um estúdio de cinema para tentar se aproximar dos serviços de streaming da Netflix e da Amazon. A aquisição da Sony ofereceria à Apple acesso a uma biblioteca que inclui “Homens de Preto”, “Breaking Bad” e “Jumanji”, além do direito de fazer mais filmes do “Homem-Aranha”.

A batalha pela sua casa
Se a primeira fase da competição da tecnologia pessoal foi uma corrida para ser o principal computador dos usuários (vencida pela Microsoft e o PC), e a segunda foi para ser o computador que os usuários carregavam (vencida pela Apple em termos de lucros e pelo Google em termos de fatia de mercado), a batalha atual é sobre qual empresa vencerá a corrida para ser o computador coordena as tarefas das nossas casas. Segundo levantamento da Deloitte, 164 milhões de “smart speakers” devem ser vendidos em 2019 — como a Alexa da Amazon, o Google Home, o Facebook Portal ou o Apple HomePod. A receita total da indústria crescerá até 63%.

Amazon pode comprar o Snapchat
“A Snap precisa de algo”, diz o professor de marketing na New York University, Scott Galloway. “Eu acredito que essa empresa vai sair dos negócios... a Snap não será uma empresa independente ao final de 2019”. Segundo Galloway, a Amazon é a principal candidata a comprar o Snapchat, já que adolescentes são o público ideal para fazer mais compras.

"Comércio emocional" será o modelo para o futuro do varejo
O conceito de “comércio emocional” da CEO da Glossier, Emily Weiss, pode ser um modelo para o futuro do varejo. A marca começou como um blog, depois se transformou em uma poderosa empresa de mídia e mais recentemente se transformou em uma rede varejista física. É o que os especialistas chamam de comércio ponta a ponta — a Glossier cria uma legião de fãs, que começa a consumir seu conteúdo jornalístico, e que depois passa a comprar seus produtos. “Os clientes são a marca”, Weiss costuma dizer. Colocando ênfase na criação de conteúdo e no feedback dos seus leitores, a Glossier permite que seus clientes informem sua preferências à marca de baixo para cima, ao invés de forçá-la sobre eles de cima para baixo. Resultado: os fãs da Glossier são tão fiéis que a primeira loja em Nova York teve volumes e métricas de vendas que bateram de frente com a Apple.

Marcas vão transformar seus fãs em microinfluenciadores
O apelo das estrelas das mídias sociais pagas para promover um produto está diminuindo. O que as companhias buscam agora: autenticidade. Tem se tornado cada vez mais fácil encontrar pessoas comuns mostrando ou usando algum produto no Instagram. Um novo software pode tornar mais fácil transformar essas publicações em campanhas. “Um influenciador é alguém que é pago. Um defensor é alguém que realmente gosta de uma marca”, diz David Sable, CEO global da agência criativa Y&R. Em 2019, as marcas devem usar a força de suas comunidades para transformar seus maiores fãs em microinfluenciadores — ou defensores, como diz Sable. Ao construir e promover locais para que esses fãs criem conteúdo, compartilhem histórias e declarem seu amor à marca, as empresas garantirão lealdade (e um boca a boca ainda mais poderoso do que gastar milhões com um único “influenciador”).

A febre do CBD toma conta do mundo
Este componente químico da maconha não é alucinógeno, mas possui efeitos anti-ansiedade. Espere vê-lo aparecendo como um ingrediente em absolutamente tudo, desde drinques até molhos para salada.

Edição de genes vira realidade
A edição de genes — recortar e ajustar o DNA humano usando uma tecnologia conhecida como CRISPR — deve virar realidade em 2019, prevê Walter Isaacson, que escreveu biografias sobre Steve Jobs, Albert Einstein e, mais recentemente, Leonardo da Vinci. A tecnologia terá “grandes consequências benéficas quando se trata de combater doenças e se livrar de problemas congênitos”, ele diz, enquanto também levanta novas questões éticas. “Você deseja ter a capacidade de deixar seus filhos mais altos ou ter uma cor diferente para os olhos, para a pele ou qualquer outra escolha que possa fazer?”

Streaming vai arrecadar mais do que bilheterias de cinema
2019 vai ser o ano da guerra do streaming, com empresas como Disney e Warner lançando novos serviços para tentar desbancar a Netflix. Segundo um estudo da empresa de estatísticas Ampere Analysis, os serviços de streaming vão embolsar US$ 46 bilhões durante o ano, enquanto os cinemas tradicionais devem gerar pouco menos de US$ 40 bilhões no mesmo período.

Esqueça os Millennials — agora tudo gira em torno da Geração Z
Em 2019, a Geração Z (pessoas nascidas após 2001) ultrapassará o número de Millennials. Espera-se que a Geração Z represente mais de 30% da população global e 20% da força de trabalho mundial. As estatísticas são baseadas em dados da Organização das Nações Unidas (ONU). “O principal fator que diferencia a geração Z dos Millennials é um elemento de autoconsciência, em vez do egocentrismo”, comenta Marcie Merriman, diretora executiva da Ernst & Young, no relatório “Rise of gen Z: new challenge for retailers” (Ascensão da geração Z: novos desafios para o varejo). Leia mais aqui.

Instagram vai tentar dominar suas compras
2019 deve ser um ano importante para o Instagram, que deve ficar cada vez mais parecido com o Facebook. Segundo engenheiros que trabalham ou já trabalharam na empresa, ela deve investir fortemente no e-commerce, talvez até mesmo lançando um aplicativo exclusivo só para compras.

Maior regulamentação para as grandes empresas de tecnologia
Regulamentações locais, estaduais e federais de grandes empresas tecnológicas já começaram a surgir e é provável que continuem a aparecer. Taxas, competição e privacidade são algumas das questões que preenchem as agendas regulatórias nos Estados Unidos, segundo os especialistas ouvidos pelo LinkedIn.

A crise do jornalismo chega nas startups que deveriam salvar o jornalismo
Tem sido um período bem difícil para empresas como BuzzFeed, Vice Media, Vox Media, Refinery29, e Awesomeness, entre outras — todas demitiram colaboradores ou congelaram contratações no últimos meses. Em novembro, a Mic acabou com sua equipe editorial. Segundo especialistas, muitas dessas empresas devem começar agora a se unir para sobreviver — uma das primeiras fusões pode ser entre BuzzFeed e Vox, que receberam investimento da NBCUniversal.

Conteúdo efêmero vai dominar seus apps
Mais de um bilhão de pessoas postam Stories no Instagram, Snapchat e Facebook. Em 2019, as redes sociais terão mais usuários utilizando Stories do que usando o feed de notícias.

Redes sociais pagas vão começar a aparecer — e a fazer sucesso
Muitos já pagam para fazer parte de grupos exclusivos no WhatsApp e Slack. Várias empresas do Vale do Silício estão prestando atenção nesse comportamento, então é bem possível que novas redes sociais pagas façam sucesso em 2019 — ou mesmo empresas como Google ou Apple criem suas novas redes sociais, apenas para usuários que pagam por algum serviço.

A hora do celular 5G
Segundo a Delloite, 25 operadoras lançarão o serviço de 5G em 2019 e outras 25 passarão a oferecê-lo em 2020. Atualmente, 72 operadoras estão testando esta nova rede de dados. No total, mais de um milhão de aparelhos 5G deverão ser vendidos em 2019 e esse número deve aumentar para algo em torno de 15 a 20 milhões de unidades em 2020. Além disso, um milhão de modens/roteadores 5G também deverão ser vendidos em 2019. “Isso não ocorrerá da noite para o dia, mas o 5G mudará profundamente nossas interações e experiências, o que é uma boa notícia para os clientes, à medida que eles demandam melhorias de desempenho e mais acesso ao conteúdo”, diz Kevin Westcott, líder do setor de telecomunicações, mídia e entretenimento da Deloitte nos EUA. “Maiores velocidades e menor latência permitirão novas e inovadoras experiências do cliente em áreas que vão desde realidade aumentada até entretenimento, medicina e cidades inteligentes”.

Lembra a manchete clickbaity e sensacionalista que você leu acima? Bem, você vai parar de acreditar que golpes baixos como esse por audiência
2019 vai ser o ano que as grandes redações vão ter que se livrar do Facebook e conseguir audiência por outros meios — e isso passa por parar de criar manchetes sensacionalistas apenas por cliques. Essas velhas táticas centradas em publicidade estão ficando menos sustentáveis, já que o feed do Facebook tem perdido poder, enquanto ações pensadas na experiência dos usuários e lideradas pela área de Produto das empresas jornalísticas têm ganhado terreno. De criar novos mecanismos de notificações até monetizar a área de comentários de seus artigos, espere ver as empresas de comunicação se transformando cada vez mais em empresas de tecnologia. Growth hacks para crescer a audiência e assim tentar ganhar mais publicidade vai fazer cada vez menos sentido em 2019, enquanto iniciativas nichadas como newsletters, podcasts e produtos que trazem valor para o leitor (como bem-estar ou mesmo gastronomia) vão ganhar cada vez mais terreno. Criar comunidades vai ser a expressão favorita das empresas jornalísticas no ano que vem — relações mais íntimas com leitores geram assinaturas, o que será essencial para sobreviver sem depender do feed do Facebook.

Apostas em esportes podem salvar audiência televisiva
No começo do ano, a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucional uma lei federal que proibia apostas esportivas no país. A novidade alivia um momento de dúvidas vivida pelo esporte do país. A grande questão está na audiência das atrações esportivas — ligas como NFL, NBA e MBL têm perdido telespectadores mês a mês. O problema passa pela diminuição de assinaturas de TV paga, o aumento de oferta dos serviços de streaming, a facilidade de encontrar transmissões piratas na internet, entre outros fatores. Mas segundo a Deloitte, a liberação das apostas esportivas deve mudar esse cenário. As apostas serão responsáveis por cerca de 40% da audiência da TV entre a faixa composta por homens entre 25 e 34 anos de idade em 2019 — a empresa prevê que 64% dos homens que assistem esportes na TV também farão apostas neles.

Impressão 3D rompe barreiras
As vendas de impressoras 3D comerciais ultrapassará US$2,7 bilhões em 2019 e romperá os US$3 bilhões em 2020, crescendo 12,5% a cada ano, de acordo com a Deloitte. A lista de materiais que podem ser impressos em 3D mais que dobrou nos últimos cinco anos, o que (juntamente com outras melhorias) levou a uma nova perspectiva do potencial de crescimento da indústria.

Mais tempo online que na televisão
No próximo ano, as pessoas ao redor do mundo passarão mais tempo online do que passam assistindo TV, de acordo com dados da empresa de medições Zenith fornecidos ao LinkedIn. Em 2019, espera-se que as pessoas passem, em média, 170,6 minutos por dia em atividades online, como assistir vídeos no YouTube, compartilhar fotos no Facebook e fazer compras na Amazon. Elas passarão um pouco menos de tempo – 170,3 minutos – assistindo TV. Leia mais aqui.

Participe também da lista — você tem alguma previsão para o ano que vem, algo que está começando a acontecer na sua empresa, indústria ou profissão que deve virar tendência em 2019? Então escreva nos comentários abaixo.
Veja outros artigos da série Perturbando a Ordem e comece a seguir a newsletter.
Todo mundo mente
Como tomar decisões ao estilo do Vale do Silício
Desenvolver uma marca pessoal é essencial no mercado de trabalho. Qual a sua?
Você só vai mudar opiniões se souber contar a história certa
Como funciona a fábrica de fake news
Perturbando a Ordem é uma nova newsletter que traz discussões, novidades, polêmicas e novas tendências que estão surgindo na intersecção entre Comunicação e Tecnologia. Das últimas novidades das startups do Vale do Silício até estratégias hiper-locais que produtores de conteúdo estão utilizando para entregar mensagens que ressoam com o ambiente de hoje em dia, Perturbando a Ordem quer ajudar seus leitores a fazer grandes coisas. Clique para assinar a newsletter e compartilhe com sua rede. Você também pode seguir updates diários pelo Twitter @rnbrancatelli.

Comentários