A corrupção contribuiu para crise na Zona Euro

Quem diria. A corrupção contribui ativamente para colocar a Zonado Euro em maus lençois, para desespero das populações. Segundo a Transparência Internacional, a corrupção e a ineficácia dos sistemas públicos em Portugal, Grécia, Espanha e Itália contribuíram para a crise financeira que estes países  enfrentam atualmente.


Dá ficar com um pulgueiro inteiro atrás da orelha. Não é só no Brasil? Que nada, demonstra a TI. O estudo "Dinheiro, política, poder: os riscos da corrupção na Europa" investigou mais de 300 instituições de 25 países do continente e concluiu que "nenhum deles sai dessa revisão de integridade com uma ficha de saúde completamente limpa".

Portugal, Grécia, Espanha e Itália lideram a lista dos que apresentam "sérias deficiências", como falta de transparência, ineficácia e abusos de autoridade "enraizados" na administração pública, que carece de mecanismos e vontade política para prevenir e punir casos de corrupção, de acordo com o relatório.  O relatório também chama a atenção para problemas de corrupção nos países considerados ricos, como a Suíça e a Suécia, onde não há regras sobre o financiamento de partidos políticos e é possível realizar doações anónimas.

Em Portugal menos de 5% dos casos de corrupção levados à Justiça resultam numa condenação. Segundo a TI, cerca de 2% dos funcionários públicos gregos já foram submetidos a um procedimento disciplinar, porcentagem inferior ao número de denúncias de corrupção existentes no país.

"A relação entre a corrupção e a atual crise financeira e fiscal nesses países (juntamente com Espanha e Itália) já não pode ser ignorada", lê- se no relatório, que salienta que "não são apenas as tradicionais formas de corrupção, como o suborno, que estão relacionadas com um pobre desempenho macroeconômico".

Os quatro países que estão no centro da crise da zona do euro também registam práticas consideradas legais mas não éticas, como tráfico de influências e uma relação muito estreita entre o poder público e o setor privado, derivada à falta de controlo sobre os lobbies.

"Todos esses fatores resultaram numa forma mais subtil de manipulação política que influencia a tomada de decisões para beneficiar poucos em detrimento de muitos", considera a organização.

«Grandes doações privadas representam um risco para a democracia, sobertudo quando envolvem empresas com grandes somas de dinheiro desenvolvendo uma estreita relação com partidos políticos e, portanto, ganhando significativa influência sobre as políticas de um país», adverte.

França falha ao não tornar públicas as declarações de rendimentos de deputados, o que a TI considera "altamente problemático, já que significa que (esses documentos) não têm realmente valor como mecanismo de transparência pública".

Já a Alemanha é, junto com a República Checa, o único país da União Europeia que não ratificou a convenção da ONU contra a corrupção, e o seu sistema de financiamento de partidos políticos "está longe de ser exemplar", destaca o estudo.

"Muitos na Europa consideram que a corrupção existe apenas noutros países, sobretudo naqueles em desenvolvimento. Essa complacência é mal informada (...) e significa que a prevenção da corrupção não é uma prioridade política em muitos países da região", adverte ainda.

Para a Transparência Internacional, a crise "deveria servir como um alerta para que os países europeus reformem os seus sistemas políticos de maneira que a corrupção e a má administração possam ser seriamente tratadas".
Com informações de

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