domingo, 25 de setembro de 2011

Sentidos de uma roubada

Enquanto no Rio de Janeiro, várias pessoas eram roubadas involuntariamente, dentro e fora do ambiente do Rock in Rio, em Nova Lima, perto de Belo Horizonte, 25 pessoas se encontraram na manhã de domingo, dia 25 de setembro, para uma roubada. Com toda a espontaneidade do mundo. Não perderam nada. Ao contrário, ganharam a sensação de que a vida, assim como as trilhas, é marcada por descidas e subidas. E, no final do caminho, quem persiste acaba colhendo vitórias.

Os ciclistas atenderam à convocação dos Amigos do Pedal para a terceira versão da "Roubadinha do Fernando". Não há, no Google ou nos dicionários, uma tradução moderna para a palavra "roubada", fora da acepção tradicional, responsável pelo grande movimento em delegacias de polícia. Apenas o "Dicionário Informal", iniciativa independente na internet, mantida com a colaboração de voluntários, arrisca  uma definição. Está lá. Roubada: significado - problema. Palavras relacionadas: encrenca, confusão. E um singelo exemplo de aplicação da palavra: "Se você continuar andando com aquele pessoal, você vai acabar numa roubada".


Os conceitos estão aí para fazer a linguagem evoluir. Que sejam revistos e ampliados. Fernando Barros, líder da iniciativa, promove o evento com o objetivo de colocar o espírito de aventura em destaque. É a busca por novos caminhos entre montanhas. Quem participou descobriu mais do que um roteiro novo de ida e volta a Macacos, nome do distrito de São Sebastião das Águas Claras. Saindo e voltando para o Vale do Sol, nas imediações do Morro do Chapéu, foi um momento para múltiplos aprendizados.

Primeiro, a compreensão de que, quando se fala em Macacos,  não há descida forte sem subida correspondente em sentido contrário. No popular, desceu, tem de subir. Segundo, o entendimento de que um grande traço para baixo na altimetria do Google representa uma grande descida. E uma grande subida é, de fato, uma grande subida. Finalmente, o aprendizado sobre a humildade: empurrar bicicleta morro acima também ajuda a fortalecer as pernas. Diante dos trechos de paralelepípedos, também vale o aprendizado sobre como ficam, no final do dia, os braços de quem trabalham com britadeira.




sábado, 24 de setembro de 2011

Eu não sou cachorro não

Descobri recentemente que, ao contrário dos demais integrantes da Alcateia dos Lobos Sem Pressa, grupo de usuários de bicicleta, limítrofes da terceira idade, eu não sou parente dos cães. Estou mais para pombo. Pombo correio: é só soltar que voa rapidinho de volta pra casa. É incontrolável. Um impulso irracional toma conta de mim quando estou na rua. E logo retorno para a segurança do lar doce lar.

Não consigo ser um lobo e muito menos um "sem pressa". Sofro - e sofro mesmo - de ansiedade, associada a uma certa, e grande, dose de pânico social . Não adianta Valium , Librium, Lexotam, Dormonid ou chá de maracujá. Consigo até me disfarçar de lobo. Mas não um sem pressa.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Em Moeda, perto de BH, uma trilha para quem gosta de mexerica e de passear

Mexericas tiraram os bikers
do caminho
Em dia de sol de verão, contrariando todas as previsões meteorológicas sobre o inverno, que aliás parece revogado de Belo Horizonte e de suas vizinhanças, 21 pessoas percorreram, no domingo, 21 de agosto, em Moeda, município de cerca de 5 mil habitantes, a pouco mais de uma hora de carro da capital mineira, os 21 quilômetros da Trilha das Mexericas. Maiores de idade, portanto com mais de 21 anos, todos os participantes da atividade invadiram com algum jeito adolescente, porém devidamente autorizados, uma propriedade com o objetivo de extrair, diretamente da árvore, a fruta rica em pectina, fonte de fósforo, ferro, enxofre, magnésio, potássio e cálcio, além de fibras, flavonóides e ácido fórmico, que age como um dissolvente sobre inflamações.

Indiferentes à coincidência dos números e sobre as caraterísticas nutricionais da mexerica, o passeio ciclístico marcou a integração dos grupos Amigos do Pedal, com maior número de representantes, e da Alcateia dos Lobos Sem Pressa. Em comum, os anos acumulados de vida, com predominância de ciclistas com mais de 40 anos. A idade talvez tenha tornado mais fácil a presença de todos, no Posto Chefão, ainda em Nova Lima, no horário marcado, de 7h30 da manhã, em pleno domingo, dia de folga e de descanso para a maioria da população.

Um comboio de carros seguiu até o restaurante Brunello, em Moeda, ponto de saída e de retorno dos integrantes do passeio, especialmente adequado para o grupo dos Lobos Sem Pressa, todos maiores de 50 anos. Apenas duas subidas fortes provocaram algum esforço extra para os participantes. Um aclive no asfalto e outro na terra obrigaram alguns dos ciclistas a empurrar suas bicicletas. Iniciado em uma ponte que atravessa o rio Paraopeba, uma das atrações visuais do passeio, o maior trecho percorrido, do total de 21 quilômetros, interliga fazendas, muitas delas com árvores carregadas das mexericas que inspiraram o nome da trilha. São pouquíssimas as variações entre subidas e descidas no trajeto de chão batido, largo e de ótimas condições para os usuários.

No balanço geral, sem problemas significativos no percurso, com apenas um pneu furado e uma corrente estragada, o passeio, com características ideais para grupos pessoas sem nenhuma pressa, durou três horas, sendo a metade do período consumida em paradas de abastecimento de mexericas e conversas. Em especial, a maior parte do tempo sem movimento foi dedicada à invasão civilizada à fazenda para o resgate das frutas em situação de abandono.

 

Rota de bicicleta 352915 - powered by Bikemap 

segunda-feira, 27 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Altamiro Borges: Blogueiro é assassinado no RN

Altamiro Borges: Blogueiro é assassinado no RN: "Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão : Durante o 2º Encontro Nacional de Blogueir@s Progressistas tomei conhecimento d..."

sábado, 14 de maio de 2011

Gente diferenciada nao entra

Nos últimos tempos, tenho acordado com a sensação de que sou gente diferenciada. Um sentimento ruim de que o preconceito me ronda, me cerca. Sinto que não poderei ir, por exemplo, ao bairro Higienópolis -- veja só que nome mais pretencioso, cidade da higiene --, região nobre de São Paulo, capital, onde mora pelo menos um ex-presidente da república e outras pessoas que moram no Brasil por mero acaso.

domingo, 8 de maio de 2011

Pàis não ensinam os filhos a tomar decisões

Tenho um medo extremo da adolescência, a etapa dos 13 aos 21 anos -- por assim dizer, já que hoje encontramos adolescentes com mais de 40 anos. Não parece que esta fase seja levada tão a sério quanto se deveria. Hoje, acho que os pais e educadores deveriam aprender a traçar estratégias específicas para lidar com os jovens. Algo como um plano de ações que, a partir dos cinco anos, implante um certo clima de terror na mente da criança, demonstrando que, em mais alguns anos, as pessoas entram em uma espécie de funil, da seleção natural da humanidade. 

Precisamos mostrar que neste curto período da vida, entre as brincadeiras de criança e a entrada na vida adulta, as pessoas tomam as decisões mais importantes da vida. Para o resto da vida. São menos de dez anos, em que a pessoa escolhe a profissão que vai seguir. Exatamente em uma fase em que as possibilidades são muitas, mas o nível de conhecimento para a tomada de decisões é extremamente baixo.
 

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Estudo questiona relação entre pesquisadores e laboratórios


Uma análise feita por pesquisadores do Georgetown University Medical Center, em Washington, e publicada na revista científica americana PLoS Medicine, questiona os resultados dos tratamentos de reposição hormonal, o mais utilizado pelas mulheres que entram na menopausa. Ao analisar 50 pesquisas sobre o uso dessa terapia, o estudo constatou que a maioria das conclusões positivas foi escrita por autores que possuem ligações com a indústria de medicamentos e que podem até ter recebido pagamentos de laboratórios por palestras ou financiamento de estudos.
Dos artigos analisados, 32 foram considerados favoráveis à terapia, sendo que oito dos dez autores afirmaram ter recebido pagamentos da indústria farmacêutica.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que em 2030, cerca de 1,2 bilhões de mulheres terão mais de 50 anos, faixa em que a maioria delas entra na menopausa, um número três vezes maior do que em 1990.


quarta-feira, 27 de abril de 2011

Carta para requião

Senador Requião,
eu também sofro com esse problema, que o senhor relatou da tribuna do Senado. Jornalistas bullyinam mesmo. Ainda mais essa imprensa que tem por aí. Comigo não chegaram a fazer nada diretamente, graças a Deus. Mas devo confessar que sofro bullying no meu dia-a-dia.

Já que o senhor disse que devemos fazer alguma coisa contra isso, aproveito para relatar o que vejo e que me incomoda. Sou vítima de políticos. De muitos deles. Veja só. Eles ficam rindo de mim, fazendo pouco caso do meu voto. Ficam zombando do fato de que não sei roubar. Sabe, outro dia eu disse que sou de esquerda e acabei virando motivo de chacota. "Ali um bobão, que acredita em idealismo", riam os políticos de dentro dos gabinetes, enquanto se gabavam das negociatas entre eles. Me senti humilhado. Se eu pudesse, daria um tiro num deles. Mas sabe como é, não sou esquizofrênico e vim de uma boa família, honesta e trabalhadora.

Mas siga em frente, senador. Promova campanhas contra o bullying. O País precisa disso mesmo. Mas quero pedir só duas coisinhas:
Primeiro, que pare de se apropriar de recursos dos cofres públicos com a aposentadoria abjeta e amoral que o senhor recebe.
Segundo: respeite quem trabalha, sem ter os privilégios dos senhores, que fazem da política uma (má) profissão.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Renúncia aos concursos

O Diário do Purgatório recebe correspondência assinada do Dr. Régio de Mavideiro. Uma decisão pessoal que ele faz questão de compartilhar. Com a enumeração dos motivos. 

Prezados concidadãos,

Venho através desta insignificante carta maldita dizer-lhes que não mais prestarei concursos. Continuarei enviando e-mails sobre os certames para aqueles que ainda desejam ingressar na carreira pública. Sinto-me velho e cansado. E resumo fatores desfavoráveis que implicam em:
a) competir com os mais jovens; 
b) ficar com a bunda ardida em cadeiras desconfortáveis; 
c) permanecer com o corpo inclinado por duas ou três horas de prova e com o pescoço doendo em posições inadequadas; 
d) acordar às seis ou cinco horas da manhã para se deslocar a escolas longínquas; 
e) perceber que minha escrita está uma lástima e já não consegue mais preencher a folha de respostas dos gabaritos; 
f) e por fim, de não agüentar mais estudar, principalmente sozinho. Diante dos fatos renuncio à minha inscrição em futuros concursos públicos. Para aqueles que continuarem, desejo sorte e uma vida melhor em 2011.

Um abraço a todos e tudo de bom!

Assinado:

Dr. Régio de Mavideiro

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O sentido das tragédias

Terremotos, tsunamis, tornados e outras catástrofes me fazem pensar sobre a arrogância do ser humano. Qual o sentido do desafio de erguer prédios altos em regiões que balançam. Construções que conseguem permanecer em pé mesmo com a terra balançando devem dar um sensação aos engenheiros de que tudo podem.

A construção de uma usina nuclear em frente a uma praia, como ocorreu no litoral do Japão, sujeito aos tremores de terras e às terríveis ondas, só pode ser creditada a esta terrível arrogância humana.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Reflexões do dia

Quando você tem um filho ou filha adolescente, começa a perceber o tanto que seus pais sofreram em suas mãos. Entre as poucas coisas em que eu acredito, uma delas é de que com filhos pagamos todos os pecados. Todos. E em dobro.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Memórias de um tímido. Ou de um fobista social


Sou tímido. E tenho fobia social. Branda, tenho alguma coisa que me faz sentir mais confortável quando volto para casa e fecho a porta atrás de mim. Porém, ao contrário de Luis Fernando Veríssimo, um tímido assumido, como o escritor de grande notoriedade reconhece em entrevistas em um texto publicado em 1995, tentei durante anos vencer a timidez. O investimento no esforço de corrigir a "falha de estrutura da personalidade" reflete o impulso natural diante da sociedade que cultua o mito do homem como ser social.

Timidez faz mal. 
Iniciei terapias umas três vezes. Achando que não estava sendo ouvido e sem dar conta de dizer que estava pouco satisfeito com o processo de análise, dei o calote em todos os que me atenderam, antes de abandonar os tratamentos -- há alguma dúvida de que não dar conta de dizer é um comportamento típico de um tímido?

Humanos com timidez, e mais ainda com fobia social, demonstram intensa ansiedade em situações de convívio com outros seres da mesma espécie. Segundo os especialistas, os temores, capazes de se transformar em pânico e visível no suor destilado por alguns dos fóbicos sociais, geram os surtos, em diferentes intensidades. As dificuldades transparecem em em situações específicas, em especial onde há, conscientemente ou não, o "perigo" da avaliação de outras pessoas.

Como bem assinalou Luis Fernando Veríssimo, o tímido é, na realidade, um narcisista enrustido, pois sente que todos prestam atenção nele. Se alguém realmente reparasse nos fóbicos sociais, como eles sempre acham que ocorre, iria perceber o olhar de inveja quando, na festa, chega o colega de trabalho e sai distribuindo simpatia e extroversão.

Eu, particularmente, confesso uma envergonhada inveja das pessoas que chegam em uma festa, evento ou mesmo no trabalho e distribuem abraços e beijinhos. Tenho uma sobrinha que certa vez confessou um pânico dos meus cumprimentos com dois beijinhos. "Eram socos com o rosto", brincou uma vez. 

Na vida de um fóbico social, até mesmo uma corriqueira reunião vira um suplício. Alguns sofrem antecipadamente com a dúvida sobre como proceder ao chegar: as mulheres devem ser cumprimentadas com o aperto de mãos ou com beijinhos? Um ou dois beijos. Um beijo e abraço no pescoço ou no rosto? Quem define as iniciativas?